Análise do crescimento da cultivar de batata “Ãgata”


 


Paulo César Tavares de Melo¹; Newton do Prado Granja²; Hilario da Silva Miranda Filho²; Armando Cesar Sugawara¹,3; Ricardo Ferraz de Oliveira¹. ¹USP-ESALQ, Departamento de Produção Vegetal, CP 09, 13418-900, Piracicaba, SP, pctmelo@esalq.usp.br ²IAC-APTA, Centro de Horticultura, CP 28, 13100-970, Campinas, SP, ngranja@iac.sp.gov.br 3Bolsista de Iniciação Científica, PIBIC/CNPq



 



A variedade “Ãgata”, originada do cruzamento de Búhm52/72 com Sirco, foi lançada na Holanda em 1990. Devido às suas características de precocidade, produtividade e excelente apresentação dos tubérculos, já em 1999, ano de seu registro no Brasil, integrava a lista de variedades de nove países europeus. Desde então tem sido a variedade de mais rápido crescimento em importância na bataticultura brasileira, ocupando hoje a segunda posição em área e produção.



Para a melhor exploração das características dessa nova variedade, é necessário um bom conhecimento de seus hábitos de crescimento. Para tanto, no plantio de inverno de 2002, em Itapetininga- SP, foi instalado um experimento preliminar. Utilizou-se batata-semente do Tipo II (60g) bem brotada, no espaçamento de 0,80m x 0,30m. Foram avaliados em datas consecutivas de colheita, aos 30, 50, 70, 90 e 110 dias após o plantio (DAP), os seguintes parâmetros: número de hastes por planta; comprimento da maior haste; número de folhas; índice de área foliar; número de tubérculos e produção comercial.



Observou-se a formação de 10,1 hastes por planta (Fig. 1) e 2,2 tubérculos por haste (Fig. 2 e 5) mas esses valores devem ser considerados como aproximados, uma vez que não foram consideradas apenas as hastes principais, aquelas onde são formados os tubérculos, mas sim o total de hastes.



Os resultados obtidos confirmam a caracterização de “Ãgata” como cultivar de porte baixo (Fig. 2), sendo o comprimento da maior haste, incluindo a porção situada abaixo da linha da amontoa, inferior a 60 cm, valor estabelecido já aos 50 DAP, o que demonstra a velocidade de desenvolvimento da variedade.



O número de folhas por planta atingiu um ponto máximo de 100 (Fig. 3), ao mesmo tempo em que as hastes atingiram a sua maior altura (Fig. 2), pouco antes dos 50 DAP. Até este momento as folhas baixeiras se mantinham ativas, não tendo sofrido efeito do sombreamento.


O número total de folhas não se diferencia, expressivamente, de outras variedades, sendo, contudo, marcante a pequena distância média (6 cm) observada entre axilas foliares, fator importante na determinação da capacidade produtiva de “Ãgata”. Mesmo sem a emissão de novas folhas após os 50 DAP, o índice de área foliar (IAF), definido como a relação entre a área foliar e a área de solo ocupada pela planta, atingiu seu valor máximo de 3,8 aos 60 DAP (Fig. 4), devido à continuidade da expansão foliar. Considerase que o IAF igual a 4 permite a interceptação de toda energia solar incidente.


A partir dos 70 DAP, o IAF e o número de folhas decrescem rapidamente, dado o envelhecimento das folhas baixeiras, até o total desaparecimento das folhas que se deu aos 95 DAP.



Considera-se como um dia de duração da área foliar cada dia em que o IAF=1. Exemplificando, cada dia com IAF=3, equivale a três dias de duração da área foliar. Os dados obtidos mostram que a duração da área foliar atingiu 169 dias.
A tuberização precoce de “Ãgata” manifestou-se pelo seu início aos 35 DAP, continuando a diferenciação dos estolhos em tubérculos até os 55 DAP, quando se estabilizou o número de tubérculos por planta (Fig. 5). Esse pequeno período de definição do número de tubérculos, em torno de 15 dias, é característica marcante de “Ãgata”, com uma produção de tubérculos normalmente uniformes em tamanho.



Embora tenha sido feita a classificação de tubérculos de acordo com seu tamanho, aqui só é discutida a produção comercial, ou seja, de tubérculos acima de 23 mm de diâmetro. O enchimento dos tubérculos se processou de maneira rápida, alcançando a expressiva produção de 60 t/ha aos 85 DAP.



Desde o início da tuberização aos 35 DAP até a colheita aos 85 DAP, observa-se o ganho de peso diário de 1,2 t/ha (58 sacos/alqueire), em apenas 50 dias de tuberização. Conforme definido através do IAF, não foram observados aumentos de produção nas fases derradeiras do experimento, aos 110 DAP.
Outros parâmetros relacionados ao acúmulo e fracionamento dos fotoassimilados foram também determinados sendo, entretanto, reservados para discussão em futuros trabalhos.



Agradecimentos:
Os autores expressam seu agradecimento à Empresa Agrícola ‘Irmãos Hoshino’, de Itapetininga, São Paulo, pela condução do experimento e à Associação Brasileira da Batata (ABBA), na figura do seu gerente geral, Engº Agrº Natalino Shimoyama, pelo apoio logístico.

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